Silenciosamente,
sinto saudade do ventre
da minha mãe.
Onde eu permanecia
silenciosa;
onde tudo era único,
ímpar, divino, mágico.
As suas paredes uterinas
me afastavam do mal
do mundo.
E eu sentia, lá de dentro,
a boca da minha mãe
se abrir em flor.
No ventre da minha mãe,
o tempo valsava,
custava a passar,
sempre sonolento e sonhador
- o tempo dentro da barriga da minha mãe,
era um templo noturno
aonde o amor não tinha descanso.
Eu não exercia papel algum
que não o de existir
para amar e ser amado.
Como era bom
ser feto luzindo
no interior feminino!
Mas tamanha era a minha vontade
de nascer mulher,
bravia e quente,
para ganhar o tempo
que eu pensava ter perdido.
O parto não doeu,
apenas cortou-me em pedaços.
E quando, enfim, povoei as ruas
- e todas as avenidas que hoje eu abraço -
pude perceber que o melhor mesmo
era ter ficado apenas
imaginando o lado de fora.
Imenso é o sofrimento
desse eu que não se conhece mais,
desse eu desprotegido e fugaz.
Hoje, silenciosamente,
sinto saudade da escuridão do ventre
da minha mãe
- A minha mãe que sou eu,
e esse ventre, esse glorioso ventre
que é meu.
quarta-feira, agosto 01, 2007
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2 comentários:
ser feto luzindo
no interior feminino!
te lasca, preta...
puta que pariu..
LINDA DEMAIS!!!
EU QUERIA SER TU, DE NOVO.
TE AMO
TITIA
PS. O QUE VC ACHA DE MUSICAR ALGUMAS POESIAS??
A DO MENINO IA FICAR BÁRBARA.
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