quinta-feira, junho 05, 2008

Corpo D'água

Terei eu
- Pobre mulherinha líquida -
O direito de morrer ardente
Como morre o mar na praia?
Terei eu este escandaloso acabamento:
Beijando os pés dos meus homens,
O som de minhas ondas como lamento,
Ameaçando de vida meu último suspiro?
Quero o espancamento!
Morrer abraçando cruzes
Fincadas no deslumbramento.
E ser um bicho fêmea:
Pranto e gozo feitos de água,
Qualquer corpo no estado líquido,
O desejo de morrer assim,
Suado e bonito. Assim,
Como, na praia, morre o mar
- Em um galope oblíquo não saber ao certo
se quer morrer ou matar.