domingo, setembro 02, 2007

A Coisa (ou Os Meus Dozes Anos)

Agora eu finjo que os papéis estão trocados
- És tu a princesa presa
na torre mais alta da carne camuflada.
Não. Percebo que o tempo não cura nada.
Qual Deus capaz de destruir o sonho
de uma criança afobada?
Esse Deus de quatro séculos
não é maior do que eu posso ser.
Enxergo o desejo como uma coisa maciça e violenta
que levo nas mãos
- Posso embalá-la num sono profundo e longo,
mas não posso nunca, jamais, matá-la.
Agora eu finjo que persigo o homem grande
que me perseguia
- Tu, tu fantasiado
de tudo que eu sempre quis ser
e agora finjo que sou.
Escuta, querido, a matemática está certa
quando diz que a ordem dos fatores
não altera o resultado
- Fumo para me proteger,
bebo para me enganar.
A verdade é que eu não matei os meus doze anos;
os meus doze anos é que estão me matando.

2 comentários:

Anônimo disse...

Essa vontade de ir além dos fenômenos.

Anônimo disse...

que coisa bonita amanda!