terça-feira, setembro 18, 2007

Instante de Morte

Morde-me o instante
em que eu te vejo beijar
o ventre de outra mulher;
os pés; os cabelos; os danos
causados por essa mulher
- como se a felicidade fosse
jogar-se nos abismos
dessa mulher.
Crava-me as unhas o instante
em que eu te vejo chorar
a traição de outra mulher;
com teu coração
numa ligeirice harmônica
por outra mulher;
transferindo o mundo
para as feridas abertas
por essa mulher.
Aborta-me um pedaço o instante
em que eu te vejo sendo levado
pela mão de outra mulher.
Uma mulher talvez igual a mim
- bem pálida; meio flácida;
um tanto ácida; uma mulher
risonha; com uma graça
de onde há beleza oculta;
forte; grávida de si -,
talvez não.
Soca-me o instante
em que eu te vejo contemplar
a existência de outra mulher.
Uma mulher talvez igual a mim
- talvez igual a todas -,
que mora Perto Do Coração Selvagem
e não sou eu.
Mata-me o instante que me grita
que não basta eu ser eu
nesta vida.

3 comentários:

nãoseileianaminhacamisa. disse...

ô, poeta.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Visceral. Feminino. Sutil. Clássico. Doce.