quarta-feira, abril 25, 2007

Agnes

não hei de acreditar na morte
sem a vida dela - e suas coisas mortas!
não hei de acreditar na vida
sem a sua morte sempre tão viva.
ela é diúrna e noturna
por isso mesmo sempre disposta
a encher-me de coisa absurda
- cruz às minhas costas.
vai-me ensinando o vôo
e num momento, subto suspiro que dou,
é moça capaz de cortar-me as asas
e chorar meu riso
e gargalhar meu pranto
fina trapezista - o mar que me expulsa é o mesmo que a abraça.
ela é objeto de luz não identificada,
profana e sagrada.
moça virgem, santíssima imaculada
que risca meu corpo
e enche os olhos d'água.
abro as portas do meu coração
para que o aqui dentro seja sua casa
viro O Grande Circo e suplico:
"dá-me a tua beleza!
tu que és amiga íntima da carne
e amada amante da natureza".

Nenhum comentário: