quarta-feira, abril 11, 2007

Íntima doçura

Lambo-te o mel que escorre aos litros!
(Sou mulher de lamber as coisas).
Sem saberes, lambo-te a vida toda
- de sorrisos errantes e andar descontente.
Lambo-te o olhar minucioso
- olhar dos corcundas -,
a falta de ar nos pulmões.
Lambo-te a boca cheia de dentes,
lambo-te a espera d'um amor ardente,
lambo-te os tigres selvagens que são teus cabelos
em caracóis cheios de dedos.
Lambo-te a poesia distraída que deixas cair,
e as florestas de ti estou lambendo...
(Sou mulher de lamber as coisas).
E assim vou vivendo, sedenta,
como quem acredita
no poder das línguas.

Nenhum comentário: