domingo, dezembro 03, 2006

Infinito

O amor se debruçou na janela e disse-me:
" - Sente-me, Clarice, como rosa pronta para a colheita.
Escancara o teu peito e não me deixa dormir".

Senti demais;
Colhi não só as rosas;
Escancarei também a alma;
Passei a perna no sono.

O amor abriu as portas da sua casa e disse-me:
" - Entra, Clarice, sem muito pudor.
Rouba-me o sal e o açúcar.
Injeta-me em ti, como droga barata,
E alimenta-me, como feto a luzir".

Entrei feito moça devassa;
Roubei-lhe o sal, o açúcar e o fel;
Injetei-o, cheirei-o: overdose em mim;
Dei pão, dei leite: nutri.

Ó, Senhores, amei infinito!
Exagerei, definhei, morri.

Nenhum comentário: