quarta-feira, novembro 22, 2006

Pássara

Uma mulher entrou em mim.
Ombros largos, olhos fundos, boca salgada.
Estranhei, afinal, corpo estranho.
Mas vesti o manto da insanidade
Para que ela dançasse em meu estômago,
Livre,
Como pássaro longe do ninho, do galho,
Longe até do céu!
Procurando infinito novo
E novas asas por nascer.

Essa mulher fechou os meus olhos.
E os abriu também!
Com a mesma brutalidade...
E fez milhões de filhos imaginários
Habitarem o céu do meu ventre púbere:
Fui mãe antes da minha mãe nascer.

Bebo fel, corto pulso, dor não cessa.
Anda para lá e para cá, para lá e para cá,
Valsa!
Oscilo entre a delícia e a desgraça
De não caber mais em mim.

Sou grande, estou fraco.
Não luto contra, e a mulher teima em ficar.
E o meu peito a implorar
Mais compaixão!
Um país de terceiro mundo
Dentro de um coração batendo muito,
Que de tanto bater muito,
Não tardará parar.

Poesia que está em mim,
Minh'alma é tua casa.
E que aqui permaneças
- sem ti sou farsa.

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