Agora és somente
a escura e suja sombra do que foste.
Cambaleias,
enquanto eu
- dura flor menstruada -,
muito do que fui ainda sou.
Passaste como passa o passarinho,
tão pobrinho,
sangrando devagar, gota a gota.
Eu sou a guerra que resiste às horas;
eu não sangrei: eu-sangue sempre agora.
Tens apenas
o resto do orvalho na pétala da carne
(o tempo te seca, do teu pranto fica as pedras de sal),
enquanto eu
- eu suo chuva o tempo todo; eu (a)temporal.
Das águas que fomos,
sobrou a lama feita de dor.
Agora é somente
a escura e suja sobra do amor.
quinta-feira, dezembro 04, 2008
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6 comentários:
"eu-sangue sempre agora."
bonito demais!
não só o trecho que destaquei, mas tudo, tudo. vc me arranja uma expressões novinhas e tão gostosas... adoro :D
Desculpa a invasão, não te conheço, mas adoro o toque feminino nos teus poemas, não frágil, mas feminino. Já li algumas outras coisas, só agora deixo esse comentário. Gosto, pois flui.
esqueci de colocar o nome: Kim
eu me lembro ter te dito uma vez que encontrava uma coisa feminina na tua poesia tão característica e tão bonita. é sempre forte isso. e bonito. esse amor liquido, que tu mostrou ser água e depois lama, coube direitinho nessa atmosfera toda. belíssimo. :)
sem palavras..mas com amor...
leio com amor..porque ele dessas palavras transborda como raios!
admiro muito sua arte!
xerus de Flor
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