quinta-feira, maio 29, 2008

Crime Delicado

Do meu espírito, o veneno
- Chupas não somente a fruta-carne,
Mas também o meu caroço.
Há dura paisagem no que sou
- Florestas densas; denso bosque incolor.
E mesmo a par dos horrores de me ser,
Mergulhas com coragem
Nesta tão somente tua capacidade de me ver.
És assombro para mim. E descoberta:
Reflexo do meu dentro que lateja,
O céu das coisas íntimas
Rasga a lona e lampeja.
Descobrindo-me, tu me matas, como alguém que,
Para decifrar existência, a flor despetala.
E és o único que
- Eu já despetalada; eu suco cítrico -
Enxerga em mim a beleza do que é feio:
Do meu veneno, o espírito.

3 comentários:

Vanessa de Moraes disse...

Beleza em não saber. Beleza no presente. O melhor fica para o momento "agora".

Alexandre Veloso disse...

Excelente poesia, densa.

Parabéns. Voltarei assim que puder...

és daqui do Recife mesmo... pretinha?

;)

Anônimo disse...

"Descobrindo-me, tu me matas, como alguém que,
Para decifrar existência, a flor despetala.
E és o único que
- Eu já despetalada; eu suco cítrico -
Enxerga em mim a beleza do que é feio:
Do meu veneno, o espírito."

Lindo. :~ Mas eu prefiro enxergar do que ser enxergada. Talvez auto-preservação ou simplesmente por querer ter algo a desvendar... Mas assim, bem assim.