segunda-feira, fevereiro 25, 2008
Árida
O meu amor quer me ver pálida. Quer que eu seja mísero pedaço de carne flácida. Quer que eu carregue nos olhos este imenso buraco estranho que apenas a agonia cava. O meu amor quer me ver impregnada de coisa bruta. Quer me ver bruxa na fogueira. Quer me ver puta no centro da cidade - lambendo o veneno que me arde, no berço chupando o dedo, bebendo cólera aos litros. O meu amor é o meu inimigo - beija-me só para me ver sentir o beijo se partir, fecunda-me só para me ver abortar. Ah, o meu amor: de tanta chuva durante a noite, minha terra amanhece infértil; de tanta mão de afeto, minha flor despetala; de tanto jorro masculino, meu gozo é chama de dor. Este amor, que de tanto amor, não é amor mais não - é secura depois da inundação.
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4 comentários:
Ótima... Se estamos no erotismo, posto uma resposta.
o amor comeu meu nome.
... e você come minhas palavras, seca as fontes pra depois inundar minha vida.
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