segunda-feira, julho 16, 2007

(In)Válida

Sou a mulher que arrancou
os próprios seios.
Sou a mulher que se mutilou.
A mulher que agora
habita alma sem corpo
e que nunca mais poderá
amar alguém.

O amor é uma fogueira
- destino exclusivo das bruxas más.
Sou a mulher que abandonou
feitiçarias e carnavais;
a mulher que não risca mais os fósforos;
a mulher que não se incendeia mais.

Sou agora a mulher mais fraca,
que jogou fora útero e ovários;
a mulher que matou os filhos,
o marido, os amantes e os empregados.
Sou a mulher que expulsou a carne
e explodiu a casa.

Sou a mulher que queimou seu sexo,
sua certidão de nascimento,
seu nome de casada.
Sou a mulher que de mulher
não tem mais nada,
a não ser o direito de ser incompleta:
a invalidez revolucionária.

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