terça-feira, maio 29, 2007

Depressa

Pus o nunca freio em meu automóvel cardíaco,
fui gente,
será isso algum pecado?
Porque tudo passa em veloz subversão:
o tempo, as rosas, as lágrimas das meninas pálidas
do porão.
Tudo passa na velocidade das águas:
as nuvens, as bocas, as mãos sobre os cabelos.
Tudo passa e nada sofre
assim tão dilacerante como eu.
Será Deus capaz de querer tirar-me a pressa,
- sendo Ele o movimento do espírito em todos nós?
Tudo que eu quero é semear minha onipresença.
E contemplar a rosa antes mesmo do seu desabrochar;
arder debaixo de sol medonho
antes mesmo do sol raiar.

Grito: quero o mar revolto;
muitas ondas, nunca desaguar.
Enxurrada de saliva e pranto;
ser a menina atravessando o cântico
do coral da igrejinha.

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