quarta-feira, janeiro 03, 2007

A minha morte!

Eu me sentei assim meio de lado, em posição desconfortável, para tentar fazer chorar minha coluna. Fiz três furos em minha barriga, joguei álcool, não assoprei. Revi fotos, reli cartas, calcei as botas da rua e caminhei de volta ao meu passado sombrio. Maltratei-me como um maníaco em busca do gozo pleno. Raspei meus cabelos, rasguei minhas roupas, estuprei-me. Rolei em chão áspero, não respondi às minhas perguntas. Não conversei com Deus, queimei poemas, arranquei meus pêlos, um por um. Parei a música, esqueci os homens, não pisquei os olhos, deixei apodrecer meus dentes. Eu estava completamente feliz, assim, rindo à toa, mas desejava o mais cruel sofrimento. A felicidade sempre me enfadou. Então me joguei do décimo quinto andar. A queda, sim, doeu bastante. Eu sempre preferi morrer de dor a morrer de tédio. É uma morte mais, digamos, emocionante.

Um comentário:

Anônimo disse...
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