quinta-feira, abril 24, 2008

Maligna

Hoje me desnudei frente ao espelho, co'a boca vermelha entreaberta, como quem insiste em esperar qualquer coisa do vácuo. Eu tive a nítida impressão de que dou para o mal. Não o mal benigno, o mal que todo ser-humano necessita possuir, mas o mal de quem tem a nítida impressão de que dá para o mal: o mal de quem furou todos os dedos em pacto com o Demônio. O que eu sou? - perguntei-me - Sou nada além de um bicho solto. Uma vontade quase satânica de contemplar o que é feio - quem dera fosse por exercício de exacerbação, mas não: uma vontade de contemplar o que é rubro, pois ser menina pálida do portão de casa me dá tantas e tantas ânsias de vômito. Hoje me desnudei frente ao espelho e soltei os meus cabelos negros ensaiando o ato de fazer doer. E desejei, fria e intimamente, ser o chicote maltratando a carne de todos os homens de bem.

4 comentários:

Anônimo disse...

'' E desejei, fria e intimamente, ser o chicote maltratando a carne de todos os homens de bem.''
botou muito pra fuder viu?!

Wellington de Melo disse...

É o mal o desejo?
Qual Lilith diante do espelho...

Marina Moura disse...

mas essa também sou eu!

Curió disse...

faz o mal muito bem. bem mal.