quinta-feira, junho 21, 2007

Cruz

Não morre não.
Enfia tua língua na boca da vida
e emenda um beijo cor-de-rosa
que não acaba nunca...
Depois rasga a roupa da vida,
seduz a vida,
deixa a vida ser tua amante feliz.
Não morre não.
No máximo, canta para a vida dormir.
Depois acorda a vida!,
e enfia novamente tua língua azul-marinho
em sua boca cheia de dentes.
Consente vez ou outra
que a vida te morda
- O que é um homem sem marcas?
Finge que não gostou,
finge que a vida necessita do teu perdão.
E perdôa,
mas não morre não.
Não precisas engordar teus dedos,
apenas não deixes que eles desapareçam,
precisas dos dedos para cutucar a vida,
precisas dos dedos para ferir a vida
quando te sentires ameaçado.
É verdade, irmão, a vida é traiçoeira,
a vida é a mulher que nos beija a testa
e depois rouba os nossos maridos.
É verdade, igual, a vida é o homem mau
que freqüenta a nossa casa
e molesta as nossas crianças.
Mas não morre não,
que é exatamente isso que ela quer.
Orgulha-te, e na hora certa,
acontecerá a merecida morte da vida:
morrerá desgostosa por te ver tão feliz,
de pé.

Um comentário:

l u a * disse...

uau.