segunda-feira, maio 25, 2009

Falso Brilhante

Um dia, à tardinha,
se Deus me puser forças,
hei de escrever um poema.
Um poema fraco. Verdadeiro,
desses em que a gente se ilumina
- como se, ao bem escrevê-lo,
eu bebesse o sangue dos artistas.
Com a palavra risonha,
escreverei raso, escreverei bonito.
E escreverei fácil:
o verbo faceiro no lugar do grito.
Prometo escrever algo heróico:
falarei sobre guerras vencidas,
flores desabrochadas sob o sol,
amantes bem-aventurados
(benditos sejam os burgueses apaixonados)!
Hei de ser aquela que tem paz,
aquela que traz luz,
aquela que alimenta-se da fama.
Hei de escrever um poema são,
metricamente perfeito,
que rasgue a mortalha e rejeite a lama.
Hei de ir exatamente por aí:
estrada ladrilhada com brilhantes,
por onde o meu amor passa,
onde árvores frondosas adornam a paisagem,
onde a existência é rica,
e onde os passos de um homem não são
nada mais que os passos de um homem.
Uma tarde qualquer - eu prometo -,
se Deus me puser forças, mas hoje não!
Hoje sou escuríssimo coração.
Um dia serei a poetinha que desejam,
e gargalharei a vida, reprimida,
como quem esconde, na barriga,
o desespero.

3 comentários:

Anônimo disse...

que lindaaaaaaaa!
Paula

. disse...

Gargalhe de sua vida e deixe-se levar pela ironia que é a vida. Nega, tu podes voar muito mais longe do que possa imaginar. Os céus foram feitos para os passaros e percebo de que és um. Porém, ao mesmo tempo seja Ícaro. Mas cuidado com o sol ele é perigoso, creio que trocas as madrugadas pelos dias por conta do risco que corres perante ao sol. Mas arrisque-s. Estou contigo Nega. Beijos em tua alma.

Ângelo.

Flavs disse...

muito bom !!!